domingo, 19 de janeiro de 2014

Caça às bruxas


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A Idade Média deve ter sido uma das mais estranhas épocas para se viver. Um tempo em que se acreditava na existência de monstros terríveis em mares inexplorados, vampiros não eram só tidos como reais como duramente combatidos e a mentalidade das pessoas era tão cerceada à superstição e fanatismo religioso que se iniciou que se iniciou uma cruzada contra as bruxas e manual foram escritos quase que exclusivamente para esse fim, como o célebre Martelo das Feiticeiras, livro que afirmava ser uma heresia duvidar da existência da bruxaria, e o Quadro da Inconstância dos Anjos Malvados e Demônios. Historiadores mais pessimistas afirmam que cerca de nove milhões de pessoas foram executadas por acusação de feitiçaria.

Na Antiguidade, um período histórico onde quase não existiam médicos, era comum que pessoas recorressem a ritos mágicos para curar suas enfermidades. Quando a Europa se converteu ao cristianismo, todas as demais crenças passaram a ser consideradas heréticas. Todavia isso não impediu que algumas camponesas usassem de seus conhecimentos sobre ervas medicinais, passada de mãe para filha e de tia para sobrinha, para realizar todo tipo de trabalho, seja como terapeutas, parteiras e até mesmo como adivinhas. Geralmente, eram mulheres extremamente pobres, viúvas ou solteiras. Claro que muito do que elas faziam era fruto de mera superstição, como receitar sêmen de cavalo para provocar gravidez ou ovos com urina para picadas de inseto, porém muitas das técnicas utilizadas por elas seriam comprovadas cientificamente depois.

Contudo, as coisas mudariam radicalmente no século XIV. Em 1315, catástrofes climáticas arrasaram colheitas em toda Europa, matando um quinto da população e levando milhares de pessoas a recorrer ao canibalismo. Décadas depois veio um mal ainda pior: a Peste Negra. A epidemia exterminou um terço dos habitantes da Europa, cerca de vinte milhões de pessoas. Na mentalidade atrasada da época, alguém teria desencadeado todas essas desgraças, era precisa encontrar o culpado. E a culpa recaiu sob as curandeiras, agravado pela Inquisição anos depois, que instaurou a caça à essas mulheres, agora chamadas de bruxas.

Em pouco tempo centenas de pessoas foram presas pela acusação de feitiçaria. No julgamento, os inquisidores buscavam pelas marcas do Diabo, ou seja, verrugas, sinais de nascença, estrabismo ou simples cicatrizes. Depois eram torturados até confessarem seus delitos, confissão feita mais para se livrar da tortura do que por real culpa e admitiam coisas como haverem assassinado bebês recém-nascidos, além de dizer nomes de outras supostas bruxas. Só então eram queimadas vivas em praça pública. Seus bens iam todos para a Igreja, claro.

As condenações passaram a ocorrer em tão grande número que o pensamento geral era que as bruxas estavam em todos os lugares e qualquer pessoa era passível de desconfiança, num clima de paranóia crescente. Foi a partir desses acontecimentos que se desenhou o mito das bruxas como conhecemos. Mulheres de chapéus pontudos e vassouras voadoras, que faziam poções em grandes caldeirões eram capazes de transformar suas vítimas em ratos e sapos.

A caçada às bruxas acabou de vez perto do final do século XVIII. Em 1682, a amante do rei francês, Luís XIV, a marquesa de Montespan, foi acusada de satanismo. Para evitar a condenação dela ele decretou a proibição da perseguição contra as bruxas na França. Logo, outros governantes fizeram o mesmo. A última condenação ocorreu só cem anos depois, em 1782, sete antes do início da Modernidade no Ocidente, período marcado pelo avanço da ciência em detrimento das superstições.

Mas a proibição não impediu que mais pessoas fossem vitimadas pelo fanatismo religioso e pela superstição. Inúmeros europeus foram assassinados friamente por serem confundidos com vampiros. Por isso, quando olhamos para o passado, não é exagero pensar que a Idade Média foi um dos períodos mais escabrosos da história.nerdssomosnozes.com

[Via Superinteressante e História Viva]

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