terça-feira, 29 de abril de 2014

Bruxaria Medieval Do Paganismo à Heresia

A propagação de conhecimentos ocultos levou ao fortalecimento da figura das bruxas, algo que era, ao mesmo tempo, respeitado e temido como uma herança de tempos antigos. Mesmo assim sua associação com o profano e o proibido levou a Igreja Católica a tomar medidas para combater mais esse "mal na terra" James Andrade  Duas bruxas voam juntas numa mesma vassoura (que muitos consideram uma paródia aos Cavaleiros Templários) durante um de seus sabbaths Nietzsche (1844-1900), em seu O Livro do Filósofo, refere-se ao período da seguinte maneira: "A história e as ciências humanas foram necessárias contra a Idade Média: o saber contra a crença…" . O estudo do período medieval se inicia, deste modo, imerso em errôneas pressuposições. Um engano grosseiro que, aos poucos, se desfaz. Eventos importantes ocorreram. Um deles foi a solidificação do cristianismo, que criou Instituições e Dogmas, permitindo que nos refiramos a esta institucionalização como Igreja. Olhar para a Idade Média como algo de importância própria é o mínimo para se desfazer este mal-entendido; mas falemos de bruxaria. E de bruxas. Como os registros históricos, principalmente aqueles vinculados à Inquisição e ao Santo Ofício, nos dão conta de que em cada quatro casos envolvendo bruxaria três eram com mulheres – outras fontes indicam números ainda mais insignificantes de homens – focaremos aqui o aspecto feminino do mito. As novas cores com que foram pintadas neste período, de certa maneira, tangencia como o papel da mulher também se modificou. Começaremos por uma visão panorâmica do assunto. Origem do Termo O termo "bruxa" se perde no tempo, remontando facilmente a épocas pré-romanas. Em inglês, a palavra witch pode significar tanto bruxa, quanto feiticeira; provavelmente tem sua origem nos termos anglo-saxões "wissen", (conhecimento) e "wikken" (adivinhação). Vinculando, portanto, as bruxas a atividades adivinhatórias e àquelas relacionadas com o acúmulo de conhecimento, como o trato com as ervas e raízes. Neste contexto, podemos traçar o perfil das bruxas, de forma geral, como personalidades femininas que estavam envolvidas em práticas "medicinais" (chás, beberagens e uma infinidade de outros artifícios para curar os enfermos) e vaticínios (profecias). Coisas que nas sociedades antigas, de certo modo também nas atuais, em nada se diferenciavam entre si, sendo ambas entendidas como Magia. A Magia sempre foi entendida como uma interferência na ordem natural das coisas, uma ingerência, obtida por meio de palavras, gestos, objetos, oferendas, estando sempre relacionada com o sobrenatural. São das concepções mágicas do mundo que brotam as religiões. Aqueles que com ela se envolviam, por aprendizado ou por dom inato, sempre gozaram de um certo status social. Uma lacuna quase sempre preenchida pelas mulheres que, desde sempre, são mais identificadas com o sobrenatural. O exemplo que nos chega do que seriam estas personalidades femininas são as parteiras e as benzedeiras, ainda tão presentes na vida de muitos brasileiros que vivem longe dos grandes centros e que, recuando-se poucos anos (40 no máximo), podemos identificá-las mesmo dentro de nossas famílias (minhas duas avós, tanto materna quanto paterna, eram parteiras e benzedeiras). Estas mulheres estavam portando plenamente integradas ao grupo social. Não que estas relações fossem sempre pacíficas, muito pelo contrário; em épocas em que a mortalidade infantil era assustadora, a figura da parteira tendia a oscilar entre salvadora e carrasca. Convém nos lembrarmos também que neste mesmo extrato social ainda se inseriam os desviados, os doidos, os desajustados e tantos outros, todos vistos, de uma maneira ou de outra, envolvidos com o sobrenatural, consequentemente, com a Magia, sendo ela mesma, já habitada por outros tantos mitos e crendices. Aqui temos outro elemento que, invadindo o plano real, irá marcar profundamente a figura das bruxas: os Mitos. Na Roma antiga existiam as Strix (origem da palavra italiana strega = bruxa); eram mulheres que, em certas noites, transformavam-se em corujas e procuravam crianças para sugar-lhes o sangue. Monstros similares eram as "stringlas" gregas. As germânicas "streghe" podem estar neste mesmo caldeirão. A Grécia, em especial, é particularmente rica em mitos de monstros femininos que facilmente se associam a bruxas. Em sua vasta mitologia encontramos Atena, deusa da Sabedoria, cuja ave preferida é a coruja e que leva ninfas para um revigorante voo noturno sob o luar. A vingativa Lâmia, que, tendo perdido seus filhos, vinga-se sugando o sangue de crianças. Medeia e seus muitos feitiços, capazes até de devolver a juventude ao já velho Esão, pai de Jasão. Circe, que transforma a tripulação de Odisseu (Ulisses) em porcos. As tessalianas, que podiam assumir a forma de qualquer animal. As Sibilas, e muitas outras. Assim colocados, lado a lado, pessoas reais e entes míticos, pode parecer estranho, porém é necessário um esforço de nossa parte em tentar entender que, em um mundo complexo, porém pouco compreendido como o antigo, bem como o medieval, todos estes elementos inevitavelmente se promiscuiriam, gerando um amálgama onde todas as partes envolvidas seriam chamadas de feiticeiras, magas, catimbozeiras, parteiras, curandeiras, benzedeiras e muitos outros nomes que, à época, tinham significados similares: bruxas, deixando claro que a fronteira entre o imaginário e o real era muito mais tênue do que podemos supor. Vemos assim, que em praticamente todas as sociedades pré-medievais a figura feminina, com maior ou menor intensidade devido à sua capacidade de gerar vida e sua condição de "sexo-frágil", sempre foi relegada à casa e aos filhos, associando-se ao bem-estar. Por outro lado, também eram capazes de terríveis vinganças e sórdidas maquinações. Hécate, deusa grega da bruxaria, que vagava pelas noites, sendo vista somente pelos cães que ladravam à sua passagem, às vezes aparecia associada à deusa Diana (Ártemis), a Lua. Na Idade Média os dois mitos praticamente se fundiram. A Bruxa Primordial A bruxa primeva é, portanto, o resultado mágico da fusão da mulher sábia, aquela que auxiliava no parto e cuidava das enfermidades, dos vitimados pelo sobrenatural, os desajustes mentais e sociais e dos muitos monstros sugadores de sangue que povoavam o imaginário popular, estando inequivocamente ligada a elementos naturais, a um saber ligado à terra, aos seus ciclos e aos seus muitos deuses; em especial os da fertilidade, em suma, Pagã. Um ser que vivia na tênue fronteira entre o real e o imaginário. Uma figura complexa. E ambígua. Essa ambiguidade, tão presente (a mesma erva que cura pode também matar) foi uma constante; e neste ponto não se restringe apenas à questão de gênero nem de época, sendo o médico de hoje tão vítima desta desconfiança quanto a bruxa de outrora. Esta desconfiança, disfarçada, mas nunca superada, contribuiu para a existência de um convívio no meio social, no mínimo, delicado. Situação facilmente estendida para todas as mulheres que, com seus humores e sangramentos, sempre esteve envolta pelo manto do sobrenatural. A distinção social dada à bruxa e a seus saberes tipicamente femininos reflete, em certa medida, a distinção dada à própria mulher. Seria fácil, portanto, nestas sociedades, supor o papel da mulher laureado de um certo prestígio, ainda que mínimo. Afinal, acima de tudo estava a figura da mulher como mãe; ela, enquanto geradora de vida, assumia maior importância até do que o seu fruto, o filho.  Tela do pintor norte-americano Douglas Volk (1856-1935) que mostra uma acusação de bruxaria, muitas vezes feita em tom dramático Contexto Na Idade Média isso mudou. Para pior. Neste ponto é necessário se fazer uma pequena introdução sobre os muitos povos, diferentes entre si, que habitam a Europa neste período. A Idade Média se inicia; segundo alguns defendem, com a queda do Imperador Augústulo (algo como Augustinho) em 476 d.C – indo terminar com a queda de Constantinopla (1453 d.C.). A condenação ao exílio deste trêmulo rapazola, que recentemente perdera o pai, Orestes, marca a queda do Império Romano do Ocidente e o fim da Antiguidade. Data meramente ilustrativa, uma vez que a agonia do Império Romano foi um processo longo e seus ecos persistiram por muito tempo. O fato é que o desmoronamento da bem azeitada máquina administrativa romana – da qual a Igreja é a herdeira direta – lançou todo o continente, sua maior parte pelo menos, em um confuso desmantelo. É no bojo deste efervescente caldeirão de raças e credos, em meio a estes povos em franco processo de aculturação, que aqui, para efeito de simplificação, iremos reduzir para duas correntes principais: Os "Romanos", aqueles que estavam integrados no moribundo Império, sendo ou não 100% romanos. E os "Germanos", todos os povos que, pressionados pelos hunos, por outros povos, pela escassez de terras cultiváveis ou ainda pela própria fragilidade do Império Romano, desceram das frias terras do norte, avançando pelas praticamente inexistentes fronteiras romanas. Todos estes povos tinham suas bruxas, e viam a mulher sob óticas diferentes. Ainda mais interessante é dizer que as próprias mulheres se viam de forma diferente. Foi neste ambiente, em que todos influenciavam e eram influenciados, nos séculos em que se fomentou a formação das futuras nações que se consolidaram na Idade Moderna, é que assistimos o cristianismo (aquele nascido no Concílio de Niceia (325 d.C.), tornado de Estado no Édito da Tessalônica (380 d.C.) e reforçado nos outros muitos concílios que se seguiram) se tornar uma Instituição e ganhar corpo. Força. Poder. É no confronto direto com esta "nova" religião que o mito da bruxa ganhará os contornos que hoje vemos e em paralelo, assistiremos o delinear de uma nova posição a ser ocupada pela mulher, pois, no seu processo de "formatação", a religião criada em nome do Cristo afasta, paulatinamente, as mulheres dos seus nichos de poder, assumindo, em definitivo, seu aspecto Patriarcal. Justo a religião que, em seus primórdios, galgou importantes degraus apoiada por mulheres (vide a mãe e a esposa de Constantino). É na institucionalização do Cristianismo que a mulher perde sua projeção inicial, relegada a um papel subalterno na Igreja que nascia. Uma nova realidade era escrita, não sem conflitos, arbitrariedades, sangue e Fé Verdadeira. Uma realidade regida por um Deus Único. Nas famigeradas "Três Ordens" (séc. XI) os que oram ocupam o topo da tríade. Um dos passos mais importantes dados pela Igreja no sentido de exercer controle sobre seus seguidores foi dado no Concílio de Latrão (também chamado Latrão IV), convocado pelo então papa Inocêncio III, em 1215. Onde, dentre muitas outras resoluções, estabeleceu-se a obrigatoriedade da Confissão. Todo Cristão, a partir dos sete anos, ficava obrigado a se confessar com um sacerdote pelo menos uma vez por ano, correndo o risco de excomunhão se não o fizesse. Neste concílio também é recomendado aos padres uma atenção especial às heresias, estimulando o interrogatório em casos de suspeitas e, caso ficasse comprovado o desvio, a punição (lembremos que à mesma época existia a perseguição aos Cátaros). Nessa nova realidade que surgia era o Filho, não mais a Mãe, a figura de maior importância. Mesmo que haja, principalmente após as Cruzadas (séc. XI a XIII), uma certa redescoberta do feminino cristão, na figura de Maria, a relação de primazia estava irremediavelmente comprometida. E aquele saber das bruxas, desde há muito associado a deuses muitos, será marcado indelevelmente pela chegada do Deus Único. Apoiado nestes pressupostos é inegável que a Idade Média irá assistir a um reescrever do papel da mulher na sociedade, coisa que já vinha sendo delineada, mas que naquele momento ganha novos e fortes contornos. A mulher do cristianismo não é a mesma das religiões pagãs. Não diria nem melhor nem pior, só diferente. No período medieval estas mulheres se chocarão. O imaginário popular da época irá opor, bem ao gosto da época, duas figuras diametralmente opostas: a bruxa e a santa. Uma, no sentido espiritual, tocada pelo Divino e a outra, no sentido mais carnal, tocada pelo Profano. A sexualidade feminina será o principal campo de batalha destas novas concepções. Não creio ser necessário dizer qual o nome reservado para as mulheres das religiões pagãs. O Sexo, tão comum e natural nas religiões primitivas, torna-se, no decorrer dos séculos, a ruína dos homens. A leitura dos livros que compunham a Bíblia (aqui me refiro aos canônicos), uma das muitas possíveis, em que se constata que o Cristo, em não sendo casado, morreu puro, cria uma ideia, gestada nos mosteiros e disseminada por todos os cantos, que a demôniosos primórdios, que opunha Bem e Mal em uma disputa incansável, vemos o surgimento de outras frentes de batalha. Contra os infiéis que, ignorantes do Cristo, mereciam esforços para a salvação; contra aqueles que professavam outros entendimentos do mesmo Cristo; contra aqueles que abandonavam as fileiras da Igreja, e agora contra o desejo e a volúpia, que minavam a vontade dos homens, abriam espaço para o pecado. Pintura na parede externa do Mosteiro de Rila, na Bulgária, retratando as bruxas e parte delas com os demôniosos A Posição da Igreja Para a Igreja, porém, a luta era uma só, e louvável: a defesa da Fé, o que significava a salvação da alma, algo que, visto no contexto medieval, valia todos os esforços. Para muitos, ainda hoje vale. Uma guerra de muitos frontes e de perdas consideráveis, calorosamente travada nos muitos séculos da Idade Média, uma contenda que tratava tanto a maledicência e o malefício, que, claro, existiam, quanto às protociências que despontavam como sendo puro Mal. Tudo em nome do Dogma que, em última análise, é tão somente uma Opinião. Todos perderam, mas principalmente as mulheres, que assistiram, não passivas, mas incapacitadas, um lento remodelar da sua relevância social. Relacionar a mulher com o pecado não era novidade – Eva estava lá desde os primórdios para comprovar a verdade inegável do fato – porém, este é só um dos aspectos que irão. compor o arquétipo da Bruxa que nos chega nos dias de hoje. A da bela e sensual jovem, caminho da perdição. No outro extremo desta composição está a decrépita e medonha anciã, aquela que tem um narigão e uma ruga quase tão grande quanto ele. A madrasta da Branca de Neve, da adaptação para o cinema de Walt Disney, é um exemplo magnífico por representar, no mesmo personagem os dois extremos; antes dos filmes da Disney as ilustrações dos contos dos irmãos Grimm se encarregaram de fornecer o arquétipo de como seria uma bruxa velha. O caldeirão e a vassoura são outros elementos associados a elas. Notar que, em sua maioria, são elementos do cotidiano feminino, comuns na sua labuta de esteio familiar, que assumem novas conotações. O objeto onde se cozinha é o mesmo onde se fundem poções maléficas; a ferramenta de limpeza se torna o meio de transporte mágico; assim por diante. Nestes elementos, porém, uma outra leitura é possível, mais sombria, mas necessária; é no seio do cotidiano, na rotina do dia a dia, no envenenar da comida, no cozinhar do cachorro preferido e servir como sopa que a vingança feminina se manifesta. Novamente notamos a dubiedade do mito, sempre calcado em um delicado equilíbrio que, na Idade Média, será definitivamente quebrado com o surgimento de uma nova figura, fundamental para se buscar uma visão aproximada do que foi a bruxaria medieval: O Diabo. Demônios dos mais diferentes tipos povoaram o imaginário medieval, vindos das tradições cristãs: como Asmodeu, Baal ou Belzebu, Beemot, Lúcifer, entre outros; ou importados de outras crenças, como o Pã grego, os Sátiros romanos, o mesopotâmico Pazuzu. Na Idade Média, o Diabo estava em todos os lugares e as mulheres, comprovadamente fracas na Fé, eram o seu quintal. Ardiloso, capaz de mudar de forma, apresentava-se como Súcubbus (aquela que fica por baixo), para seduzir os homens e Incubbus (aquele que fica por cima), para quem as mulheres se entregavam. Notar a sutileza em dizer que as mulheres se "entregavam" e que os homens eram "seduzidos". As atividades do Diabo, porém, seriam vistas com um certo desdém até meados do século XIV, é comum o entendimento dele não como adversário, mas sim como um empecilho. Até meados do século XI, a bruxaria também será vista, pela Igreja, com olhos mais complacentes, algo pitoresco, integrado à concepção popularesca do Cristianismo.  Tela de Waterhouse que retrata a preparação de uma bruxa para um de seus rituais. não falta nada, do caldeirão aos pássaros pretos Os Cristãos O Cristianismo foi totalmente hegemônico no longo período medieval. Porém, não foi linear em seu desenvolvimento, nem tão pouco homogêneo. O cristianismo praticado nos grandes centros, tidos como mais cultos, era, em muito, diferente daquele praticado nos locais mais afastados, tidos como mais tacanhos. Nestes locais ermos se mostrava como uma crença confusa, uma mistura de crendices, de antigas religiões e dos ensinamentos ouvidos dos pregadores das boas novas (Evangelhos). Tudo cerzido por uma compreensão toda própria do que significava cada um destes elementos. Porém, demarcava fortemente o seu espaço, e crescia a olhos vistos. O pensamento cristão medieval tangenciou todo o continente Europeu, indo muito além dele. Logo, no mundo medieval, ser cristão era quase condição sine-qua-non para ser aceito socialmente; quem não fosse batizado era taxado de "Pagão" ou "Infiel", e vitimado pelo preconceito. Com a invasão muçulmana, esta situação se radicalizou ainda mais. Na Idade Média, o Deus Único Trinitário (Pai, Filho e Espírito Santo) torna-se a fonte de tudo. A realidade está sujeita à sua vontade, uma vez que Ele a criou pode interferir nela à seu belprazer. Portanto, para se conseguir algo basta pedir à Sua representante na Terra: a Igreja. Esta, por sua vez, era auxiliada na árdua tarefa de intermediária por um sem número de santos, santas e mártires, todos envolvidos em resolver as mazelas mundanas. "… Para bolhas e biles, Cosme e Damião; Santa Clara para os olhos; Santo Apolônio para os dentes; São Jô para as doenças de pele…" (Scot, Discoverie: A Discourse of Divels, cap. xxvi). A lista continua, mostrando a especificidade de cada santo em determinada área, isso sem levar em conta aspectos como a adoração de relíquias (objetos tocados pelos santos ou até mesmo partes do seu corpo ou vestuário), a crença pia na transubstanciação do pão e do vinho em carne e sangue na Eucaristia, nas muitas qualidades divinas da hóstia, da água benta, dos rosários, dos amuletos, dos escapulários. O período medieval foi totalmente dominado pela Magia. Outras épocas também o foram, mas o que torna este período especial são as tentativas, muitas vezes violentas, de se criar uma Magia única, de natureza cristã. De início, a Igreja medieval não perseguiu a crendice, mas se valeu dela para crescer. Tudo aquilo que não era Divino só podia vir do Diabo e como o próprio era também uma criatura de Deus, a hegemonia estava na eminência de ser criada, bastando para tanto associar cada elemento não pertencente à religião cristã com elementos que existissem dentro dela. Surgiram assim deuses antigos que foram transformados em demônios, outros ainda foram substituídos por santos que executaram as mesmas funções. Para garantir um bom parto não mais se clamava à romana Lucina, para este momento especial lá estavam Santa Margarida ou Santa Marpúgis; isso sem falar da própria Maria, mãe de Deus, que nos chega como Nossa Senhora do Bom Parto. No decorrer da Idade Média, um monopólio dos aspectos não naturais da vida se estabelece. A faceta mágica da Igreja Cristã é tão fortemente disseminada que até mesmo os feitiços e encantamentos perderam o seu aspecto de manipulação de objetos, digamos naturais, para se tornarem manipulações sacrílegas de elementos cristãos, tornando-se assim, herética. Como vemos nos dois exemplos a seguir: A Bruxa "primitiva", que perdurará, grosso modo, até meados do séc. XII, em meio a um cristianismo atulhado de crendices de caráter pagão: "… Então, com os cabelos soltos, deu três voltas em torno do corpo, enfiou lascas de madeira em seu sangue (…) no caldeirão pôs ervas mágicas, com sementes e flores de suco acre, pedras do Extremo Oriente, e areia do litoral (…) a cabeça e as asas de uma coruja, e as entranhas de um lobo…" (Medeia e Esão: Bulfinch´s mytology – 2006). A Bruxa "herege", que ganha notoriedade cada vez maior a partir do séc. XII, frente a um cristianismo que se busca mais puro: "… E a Fé, toda sua, obtida no Batismo Santificado, em sacrilégio, renegam (…) a Alma deles posta em perigo, ofensa à majestade Divina…" (Summis Desiderantes Affectibus: Bula Papal; Inocêncio VIII- 1484). No processo que acabou por levar Joana D’Arc (1412-1431) a um "Auto de Fé", leia-se fogueira, já figurava a palavra bruxa, vinculada à heresia.Fonte:controversia.com.br

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Conduta Negra

A Conduta Negra é o código dos Magos Negros. Quando um Mago Negro começa seu aprendizado com um mestre, é banhado no sangue de um touro e jura obedecer a conduta, em troca recebe o domínio da Destruiçãoe da Necromancia.
Mago Negro
Os Magos Negros acreditam que são a força de destruição inevitável de Hellfar, que levarão todos os planos de Infinitum à total Entropia, ou seja, a destruição, a volta ao ponto zero ou ao nada. Acreditam que esse é o serviço mais nobre da existência, o serviço que muitos vêem com maus olhos, que não sabem valorizar. Acreditam que reciclarão de alguma forma o universo, mantendo um fluxo de trabalho contínuo de Umbra, obrigando a entidade a criar e destruir.
Seu código é oculto(então cuidado com o meta game!) e modifica totalmente o modo de agir do aprendiz que passa a seguí-lo, sendo portanto muito perigoso.

"A paz é uma mentira, criação dos mortais. Há apenas a paixão, pela magia, pelo poder.
Através dessa paixão, se alcança a força. Através de força, se ganha poder.
Através do poder, se alcança a verdadeira vitória. A verdadeira vitória é a que te liberta das correntes do mundo. É a vitória da Entropia, que cessa um fluxo para iniciar outro. Assim, Umbranos reconhece como suas ferramentas mais valiosas, e nos sustenta através das eras cósmicas.
Umbra nos libertará da condição mortal!"

Os Magos Negros consideram que falharam no passado, quando os planos passariam por uma Entropia, mas que os magos brancos e vermelhos puderam evitar. Portanto, para eles, o trabalho da destruição completa está a quase um milênio atrasado. Focam suas energias em minar o poder das sociedades ordeiras e estruturadas.
A conduta também implica no respeito pela força, magos negros devem entender quando perdem, e respeitar os magos mais poderosos(embora os vermelhos e brancos sejam considerados mais fracos naturalmente). Dessa forma, é dificil ver a união entre esses magos atualmente, sendo geralmente necessário um poderoso e inteligente líder para que outros magos negros o reconheçam, só dessa forma admitem se organizarem em círculos arcanos. Os fracos geralmente são traídos, cedo ou tarde.
Atualmente, estão praticamente desaparecidos, pois sabe-se que Magos Negros não se aliam a Nephilianosporque consideram Xar'Lyl um prepotente, que não segue código algum.
Kaylin garante que a Conduta Negra não seja quebrada por nenhum adepto, extirpando os poderes daqueles que a traem. wiki.myt.com.br

Magos Verdadeiros

Os Magos Brancos

Mago Branco
É dito que Hamatur foi o primeiro a quebrar seu voto. O primeiro dos Mestres da Umbra que resolveu interferir em Hellfar. Ao ficar sabendo da catástrofe que atingiria o mundo e talvez Infinitum, ele jurou que faria com seus discípulos o serviço da Salvação. Lutaria contra qualquer força entrópica do mundo, ou seja, contra qualquer força que poderia levar a sua destruição. Ele e seus discípulos trajaram robes brancos e se nomearam Magos Brancos. É a tradição dos magos brancos que controla os dois caminhos, da Alteração e Restauração.
Os Magos Brancos defendem Hellfar desde então de qualquer catástrofe maior, e pendem suas atitudes para a razão, a civilização e a justiça. Só se tornam magos brancos aqueles que foram treinados por outro mago branco, que passaram pelos ritos do Cômputo das Luas. São os mais organizados entre os ditos Magos Verdadeiros, por vezes formam conselhos para promover o bem maior. Mas sua postura, eles sabem, é necessaria para evitar que o pior ocorra caso a força dos Magos Negros prevaleça.
Defendem o bem como um princípio essencial que deve ser assegurado a todo custo, pois é o maior tesouro de Infinitum. E os Magos Brancos que deixam de agir com benevolência e altruísmo perdem suas forças com o éter para sempre. Tornando-se assim individuos muito fracos. Costumam agir com lealdade, mas na verdade podem trair qualquer um(embora essa atitude possa ser destrutiva, nesse caso, eles a evitam) para um bem maior, e essa é sua maior verdade. A Salvação está acima de tudo. Poucos desconfiam desses homens que demonstram a verdade em seus próprios atos e palavras. Embora sejam também guardiões, e evitam revelar o desnecessário aos ouvidos e olhos alheios.
Os magos brancos seguem a Conduta Branca.

Os Magos Negros

Mago Negro
Kellmaj era um mestre da Necromancia e daDestruição. Os Magos Negros defendem fielmente que ele resolveu quebrar seu voto ao ver que Hamatur quebrou o dele. Ele se propôs, com os seus seguidores, a ser a força opositora no mundo, o que traria a entropia, ou o fim, e balancearia as atitudes de Hamatur. Alguns, conhecendo os magos negros, acham que essa postura de balancear é apenas um eufemismo. Afirmam que os magos negros mais desejavam realmente era a destruição absoluta.
O objetivo final dos Magos Negros é a destruição completa de Infinitum, acreditam que assimUmbra começará um novo serviço, provavelmente mais aperfeiçoado. Acreditam que a Entropia para qual Hellfar estava migrando quando os Mestres a preveram não deveria ter sido evitada, pois era a vontade do próprio universo, e que ao apoiarem essa entropia, poderiam ser levados pela propriaUmbra a esse novo universo. Acreditam também que a postura dos Magos Negros é consequência da atitude errônea dos Magos Brancos, e deverá portanto ser sustentada até que não haja mais nenhum deles vivendo.
Por seu princípio destrutivo, os Magos Negros agem sempre tentando causar um dano maior. São conhecidos como os que mais ocultam as cores das suas vestes, e trouxeram uma péssima reputação aos arcanos que trajam negro. Traição, corrupção, qualquer ferramenta que traga a ruína da sociedade e da própria magia podem servir ao Mago Negro. Mas isso não significa que trabalhem nisso todo o tempo. São em geral, egoístas na busca de poder para realizar algo realmente grandioso. Não possuem escrúpulos e encaram a realidade de maneira fria, ignorando as ilusões do que chamam "benevolência". Por outro lado, respeitam acima de tudo os fortes, reconhecendo quando perdem e vencem, uma faceta leal de seus membros.
É dito que os Magos Negros destróem a si mesmos. Aprendizes destróem seus mestres após terem completado seu treinamento, se forem fortes o suficiente. Mas como os outros magos verdadeiros, fazem o rito do Cômputo das Luas.
Esses magos seguem a Conduta Negra, um código oculto, apenas conhecido entre eles mesmos.

Os Magos Vermelhos

Mago Vermelho
Muitos disseram que os Magos Vermelhos eram um acidente. Outros disseram que eram os verdadeiros heróis. Todos concordam que são de fato controversos. Mas a primeira impressão, de que são indecisos, é pura ilusão.
Jerthall dominava o fogo e o gelo. A Alteração e aDestruição. Dizem que era um Mestre impulsivo, ao ver Hamatur e Kellmaj quebrando seus votos, não se conteve em quebrar o seu para assegurar a neutralidade das situações. Achava que ambos eram extremos demais, queria evitar a Entropia de Kellmaj mas achava que a Salvação de Hamatur poderia desbalancear o fluxo dos mundos. Em princípio, manteve-se neutro a tudo como os outros da Ordem Umbral, mas quebrou seu voto quando jurou agir para que a neutralidade fosse mantida. E como ele, fizeram seus seguidores. O manto vermelho caracteriza a neutralidade e a ação, oposta a cor dos mantos da Ordem da Umbra, que diziam ser o azul da neutralidade passiva. Esses magos respeitam muito os seus mestres, de quem herdam todo o conhecimento. Passam também pelos ritos do Cômputo das Luas, que assegura sua neutralidade.
As ações dos Magos Vermelhos variam, sempre agem do lado contrário do que a balança pende. São portanto, de certa forma, mais infames do que os Magos Negros, de quem pode se esperar o pior. Os Magos Vermelhos podem lhe ajudar num momento, e ao ver que você está agora em vantagem, lhe trair sem nenhum escrúpulo. Mas geralmente são apenas indivíduos reclusos, agindo apenas quando acham que realmente é necessário. Nos outros aspectos, são respeitados por serem quase como os mitológicos magos daOrdem Umbral, valorizando muito o conhecimento.
Vivem sob a Conduta Vermelha.

O Cômputo das Três Luas

Sim, três Luas, jovem tolo. Houve uma noite em Hellfar em que se podia ver LunaMond e Kaylin sob a forma de luas. Uma prateada, outra vermelha, e outra negra como um buraco entre as estrelas.
Hamatur, Kellmaj e Jerthall se reuniram com todos seus seguidores em uma planície onde hoje fica Aglarond, e para evitar que o princípio de seu conhecimento fosse violado, invocaram a presença divina das três deusas. Foi a noite mais mágica de Hellfar.
Os magos negros banharam-se no sangue de touros negros, jurando defender a Conduta Negra ou perder toda sua capacidade de manipulação da magia, sua maior paixão. Fizeram isso sob o testemunho de Kaylin.
Os magos brancos então banharam-se no sangue de cervos, jurando agir sob a Conduta Branca ou perder todo seu poder, tornando-se fracos e incapazes. Mond testemunhou o juramento.
Os vermelhos banharam-se com o sangue de cordeiros, jurando a Conduta Vermelha ou tornarem-se incapazes de realizar qualquer encantamento. Luna testemunhou a promessa.
Comos os primeiros magos, os futuros banhariam-se em sangue e jurariam.
Nessa noite, os magos verdadeiros se abençoaram e se amaldiçoaram. Seguiu-se um longo periodo de escuridão sob a imagem das três luas, os magos discutiram e discutiram.
Por fim, os Magos Vermelhos concordaram que a entropia que espreitava o futuro desbalancearia o mundo como conheciam, o mundo como deveria ser. Eles tomaram dessa vez o partido de Hamatur. Os magos negros desapareceram da reunião, prometendo evitar que a ação dos outros se cumprisse.
Essa reunião, jovem, terminou com Jerthall, o arquimago vermelho, se entregando a Luna, sua vida, sua alma, sua existência, para que a entropia não ocorresse em Hellfar.
E essa foi a primeira das duas vezes que os Magos Verdadeiros se reuniram. Assim, Luna selou o Cômputo das Luas.

Atualmente

E esses magos, bem, continuam no mundo esperando para cumprir com seus deveres. Estudam o quanto podem, e não se engane, hoje não passam de gananciosos presos a códigos de conduta! Pouco se importam com as disputas ancestrais, embora saibam que estejam presos a elas. A maldição e benção desses antigos arcanos segue até hoje, movida principalmente pela sede de poder, pela vontade que a magia instiga no espírito dos jovens. Pois não se conhece, jovem, nenhum arcano capaz de controlar mais de um domínio da magia que não sejam os magos verdadeiros.
Os magos verdadeiros desprezam os outros arcanos, desprezam os conjuradores independentes pela sua falta de capacidade. Para eles, a magia dos Thran, dos pesquisadores, dos arcanos de Volund e de todos os feiticeiros(como eles chamam os que não são magos verdadeiros) não passa de uma tentativa falha de tentar entender a magia. Eles respeitam os espiritualistas, mas em princípio concordam que são superiores por sua magia avançada. Espere portanto encontrar muito orgulho neles.
Quanto a mim, não me olhe com essa cara, eu visto laranja! Mago negro é a sua velha avó! Ora, infante idiota, já chega, me deixe em paz agora! Diabos, esse cachimbo não vale tanta saliva. wiki.myt.com.br

O Sabá dos Magos Negros

Você gosta de o sabá dos magos negros? Patrocine nossa página comprando estes produtos. O Sabá (do hebraico shabbath, que significa sétimo dia) ou Aquelarre foi a prática mais sensacional e conhecida da Idade Média. Era o encontro dos bruxos com os demônios. Sabá, nome vindo de Sabásio, segunda denominação de Baco (deus do vinho e do prazer), constitui o elo entre o velho rito pagão dos bruxos e o ritual anticristão, no qual Satanás é divinizado e adorado com ritos e cerimônias cristãs pervertidas. Terá existido realmente o Sabá? A realidade do Sabá enquanto reunião ritual é indiscutível. Que tenha sido realizado na França, na Alemanha, na Itália, na noite de São Martinho ou de Santa Valpúrgia, que o Bode Negro (Bode de Mendes) tenha o nome de Mestre Leonardo ou Belzebu, o Sabá foi celebrado durante toda a Idade Média. Contudo, o Sabá ficou sendo conhecido como tal somente a partir de 1510, quando Bernard de Como e Bartolommeo Spina o denunciaram explicitamente entre os crimes contra a Igreja. O Sabá, no princípio, era uma reunião de subversivos, cujas teses e ideologias conflitavam com as da Igreja. Era uma revolta dos servos, dos camponeses contra o Deus do padre e do senhor. Era celebrado, geralmente, no campo perto de algum bosque ou de um lago. Raras vezes durante o dia. O pequeno Sabá desenrolava-se duas vezes por semana e o grande Sabá quatro vezes por ano, nas mudanças de estações. O Chefe dos Bruxos dirigia a cerimônia. Antes do festim orgíaco, realizava-se uma complexa série de ritos mágicos, que se completavam com a renúncia pública ao batismo cristão e com o juramento de obediência a Satanás, pisando a cruz de Cristo, como ato simbólico de repulsa. O Sabá continuava a tradição orgiástica da antiguidade pagã. Contudo, enquanto os ritos sexuais da Antiguidade estavam destinados a representar a fertilidade da natureza e não tinham um fim em si mesmos, as orgias medievais constituíram, na realidade, válvulas de escape para a satisfação de desejos carnais frustrados ou reprimidos por exagerados e severíssimos conceitos religiosos da época, parte do aparato repressivo que congregava o Estado Monárquico e a Igreja. Aliás, a liberdade de expressão sempre esteve vinculada à liberdade sexual. Onde se reprime a liberdade de expressão também se reprime a liberdade sexual.  Nos Sabás, os participantes podiam dar vazão aos seus instintos. Por outro lado, eles eram respeitados e temidos por seus vizinhos, o que, na opressão e monotonia medievais, lhes dava dignidade e sensação de serem livres. Ninguém naquela época podia imaginar que uma personalidade psicopática, frustrada, fosse arriscar-se a ser morta em um momento de fama. Era comum, nas comarcas medievais, a existência de velhas mulheres melancólicas, que viviam solitariamente afastadas do resto da comunidade, em miseráveis choupanas, no mais profundo dos bosques. Quando se espalhou a crença no culto demoníaco, qualquer tragédia, que assolasse a aldeia, era imediatamente atribuída a essas pessoas, no geral antipáticas e anti-sociais. Por sua vez, as velhas senhoras, convertidas em adoradoras do diabo, achavam interessante reconhecer suas relações sexuais com Satanás, o que lhes permitia realizar, em fantasia, seus desejos reprimidos. Além disso, esse relacionamento satânico as fazia, transitoriamente, temidas pelo povo e até mesmo invejadas por muitos. Acrescentem-se a ignorância dos fenômenos histéricos, as sugestões, as alucinações e, principalmente, fatos estranhos e inexplicáveis, assustadores e fantásticos, que só encontraram explicação em nosso século com a Parapsicologia, ensaiada pela Metapsíquica do século passado.  A Telepatia (emissão do pensamento através de ondas não identificadas; desconhece-se o emissor e o receptor biológico e sua localização na mente; sabe-se ter relação com as ondas cerebrais emitidas: ondas altas, quando em vigília, e ondas betas, quando em transição da vigília para o sono) e a Telergia (energia física exteriorizada do corpo humano por mecanismos e origem ainda não determinados e de um controle pessoal para execução do fenômeno parcialmente involuntário. Foi medida em laboratórios científicos, e pode produzir ruídos, luzes, combustão; quando condensada forma o ectoplasma, podendo moldar figuras simples e tênues) ainda não eram conhecidas. Muitos indivíduos eram doentes, com a conduta alterada, outros simples alucinados, que imaginavam cenas fantásticas produzidas por drogas químicas, que conhecemos hoje os efeitos. Para irem aos Sabás, esses indivíduos lambuzavam-se ou ingeriam uma mistura composta de beladona, meimendro, estramônio, mandrágora, nepenta, acóbito, cicuta, ópio e cantáridas, o que lhes favorecia as proezas eróticas. A pomada “satânica” era introduzida no corpo por meio de violentas fricções sobre a pele, através da qual as substâncias narcóticas se misturavam com a corrente sangüínea, e assim produziam fantasias eróticas e lhes dava a sensação semelhante à do vôo no espaço. Sabe-se hoje que o pão de centeio era consumido em grande quantidade na Idade Média. Um parasita deste cereal, o esporão, possui um alcalóide, que em determinadas doses é mortal e em quantidades menores provoca alucinações: a ergotina, que cria, ao longo do tempo, nos indivíduos um dom de segunda visão, assim como uma mediunidade que explica a freqüência de fenômenos paranormais naquele período histórico. A planta mais usada nos Sabás era a mandrágora. Esta planta possui uma substância venenosa, a escopolamina, que ministrada em doses muito pequenas produz um efeito paralisante do sistema nervoso central e gera alucinações do tipo mágico, juntamente com uma perda progressiva de Tudo isso criava o clima mágico-erótico para o Sabá.Hoje, já não se pratica o Sabá, mas uma parte de seu cerimonial permaneceu em certos círculos satanistas. A Missa Negra é um exemplo disso. A Missa Negra é a Missa Católica deturpada com o propósito de aviltar a imagem de Deus. Na Missa Negra, o missal católico é lido de trás para diante em latim ou, com maior freqüência, com certas partes excluídas, e com substituição de palavras, tais como “Satanás” em lugar de “Deus” e “mal” em lugar de “bem”. O altar tanto pode ser uma mulher nua ou um caixão de defunto, e todos os acessórios religiosos, incluindo a câmara do ritual, são de cor negra. Os sacerdotes usam mantos negros com capuz. Com freqüência é feita uma substituição do vinho consagrado por esperma, sangue menstrual ou urina humana. A hóstia é geralmente um sacramento sagrado que foi roubado de alguma igreja, mas muitas vezes é feita com alguma substância estranha, tal como fezes secas, sangue, cinzas de animais, e pode ser tanto ingerida como esfregada no rosto dos presentes. O valor desses materiais sacramentais está em serem produtos corporais, que são opostos aos espíritos e, como tal, são agradáveis a Satanás, que é uma divindade carnal. 


 A mulher reina na Missa Negra porque ela é quem possui o poder de receber a vontade demoníaca. O centro do rito é efetivamente constituído por uma mulher nua estendida sobre o altar, desempenhando o seu corpo essa função: a posição por vezes indicada – pernas afastadas, de forma a mostrar o sexo (os sacrum, a boca sagrada) – é a mesma que se encontra representada por várias antigas divindades femininas mediterrâneas. Através da Missa Negra pode-se agir sobre o cotidiano dos homens, enviando as forças do medo e da destruição, como fazem, atualmente, as seitas luciferinas. Estas seitas, independentemente das suas diferenças ritualistas, esperam a vinda de Lúcifer, o Portador da Luz, na era de Aquário (a Idade de Cristal). Algumas delas chegaram ao ponto de se infiltrar em grupos políticos extremistas com a intenção de provocarem uma subversão oculta.mortesubita.org

O TEMPO DAS FOGUEIRAS

Após a Igreja Cristã ter sido formada e haver adquirido poder, os costumes dos Pagãos foram vistos como uma ameaça ao sistema religioso recentemente estabelecido, e a adoração aos deuses da Religião Antiga foi banida. Os antigos festivais foram superados pelos novos feriados religiosos da Igreja, e os antigos deuses da Natureza e da Fertilidade, transformados em terríveis e maléficos demônios e diabos. (A Igreja patriarcal chegou até a transformar várias deusas pagãs em diabos masculinos e maus não somente para corromper as deidades da Religião Antiga como, também, para apagar o fato de o aspecto feminino ter sido objeto de adoração) . No ano de 1233, o Papa Gregório IX instituiu o Tribunal Católico Romano conhecido como Inquisição, numa tentativa de terminar com a "heresia. Em 1320, a Igreja (a pedido do Papa João XXII) declarou oficialmente que a Bruxaria e a Antiga Religião dos pagãos constituíam um movimento herético e uma "ameaça hostil" ao Cristianismo. Os bruxos tornaram-se heréticos e a perseguição contra todos os Pagãos espalhou-se como fogo selvagem por toda a Europa. (É interessante notar que, antes de uma pessoa ser considerada herética, ela tem, primeiro, que ser cristã, e os Pagãos nunca foram cristãos.) Os bruxos (junto com um número incalculável de homens, mulheres e crianças que não eram seguidores da Arte) foram perseguidos, brutalmente torturados, muitas vezes sexualmente violados ou molestados, e, então, executados pelas autoridades sádicas, sedentas de sangue da Igreja, que ensinavam que seu deus era um deus de amor e compaixão.  A bruxaria na Inglaterra tornou-se uma ofensa ilegal no ano de 1541 e, em 1604, foi adotada uma lei que decretou pena capital para os bruxos e pagãos. Quarenta anos mais tarde, as 13 colônias na América decretaram também a pena de morte para o "crime" da bruxaria. No final do século XVII, os seguidores que permaneciam leais à Antiga Religião viviam escondidos, e a bruxaria tornou-se uma religião secreta após uma estimativa de um milhão de pessoas ter sido levada à morte na Europa e mais de 30 condenadas em Salem, Massachussetts, em nome do Cristianismo. Embora os infames julgadores das bruxas de Salem, em 1692, sejam os mais conhecidos e bem documentados da história dos EUA, o primeiro enforcamento de um bruxo na Nova Inglaterra realmente aconteceu em Connecticut, em 1647, 45 anos antes que a histeria contra as bruxas se abatesse na Vila de Salem. Ocorreram outras execuções pré-Salem, em Providence, Rhode Island, em 1662. O método mais popular de extermínio dos bruxos na Nova Inglaterra era a forca. Na Europa, a fogueira. outros métodos incluíam a prensagem até a morte, o afogamento, a decapitação e o esquartejamento.  Durante 260 anos, após a última execução de um bruxo, os seguidores da Religião Antiga mantiveram suas práticas pagãs ocultas nas sombras do segredo e, somente após as leis contra a bruxaria terem sido finalmente revogadas na Inglaterra, foi que os bruxos e pagãos, em 1951, oficialmente saíram do quarto das vassouras.Fonte:segredodebruxa

Caça às bruxas

 A caça às bruxas foi uma perseguição política e social que começou no século XV e atingiu seu apogeu nos séculos XVI e XVII principalmente em Portugal, na Espanha, França, Inglaterra (chamada de Normandia), na Alemanha, na Suíça em menor escala. As antigas seitas pagãs e matriarcais , de fundo e objetivo Político, eram tidas como satânicas, de domínio popular com objeto diferente do religioso, sendo organizações diferentes do que costumam pregar a Bíblia, Corão e outros livros santos, tendo uma conotação de domínio político de Poder. O mais famoso manual de caça às bruxas é o Malleus Maleficarum ("Martelo das Feiticeiras"), de 1486, note-se o nome de Martelo, observação de Mario Henrique Simonsen em Legitimação da Monarquia no Brasil, onde denota a expressão de Dom João quando voltava para Portugal, por exigência e partidos estranhos que se formavam em Portugal. Ele e sua família pereceram em Portugal e esperava que Pedro de Alcântara, reparasse a coroa portuguesa no Brasil, "antes que um aventureiro o fizesse". No século XX a expressão "caça-às-bruxas" ganhou conotação bem ampla, sua verdadeira conotação se auto-revelou se referindo a qualquer movimento político ou popular de perseguição política - arbitrária, com o objetivo de Poder, segundo M. H. Simonsen a minorias existentes ou imaginárias, muitas vezes calcadas no medo e no preconceito submetiam a maioria, no que hoje poderiamos chamar de Terrorismo, afirma M. H. Simonsen, como ocorreu, por exemplo, durante a guerra fria, em que os EUA perseguiam toda e qualquer pessoa que julgassem ser comunista, seja por causa fundamentada e comprovada e/ou não, por medo do Terrorismo. Dessa forma, teve lugar a caça às bruxas comunista dos EUA, como também ao sul no Brasil aos chamados Nazi-comunista por Getúlio Vargas, antes da Segunda Guerra Mundial, de 1922 a 1942 quando entrou na Guerra efetivamente ao lado dos aliados, em que esses elementos sabotavam as organizações militares e governamentais de forma geral, principalmente aos Bancos, para angariarem fundos, se infiltrando nelas, como diz M. H. Simonsen. Aspectos importantes da caça-às-bruxas (quadro sintético) O número total de vítimas comprovadas se considerarmos o conceito de Terrorismo, é algo superior e entre 50 mil e 100 mil (O número total de julgamentos oficiais de bruxas na Europa que acabaram em execuções foi de cerca de 12 mil).[1] No passado chegou-se a dizer que teriam sido 9 milhões e até hoje alguns propagam esse número. Embora tenha começado no fim da Idade Média, a caça às bruxas européia foi um fenômeno da Idade Moderna, período em que a taxa de mortalidade foi bem maior, no conceito de Terrorismo - Político de Corrupção, segundo M. H. Simonsen. Embora supostas bruxas tenham sido queimadas ou enforcadas num intervalo de quatro séculos — do século XV ao século XVIII — a maioria foi julgada e morta entre 1550 e 1650, nos 100 anos mais histéricos do movimento. O número de julgamentos e execuções tinha fortes variações no tempo e no espaço. Seria fácil encontrar localidades que, em determinado período, estavam sendo verdadeiros matadouros logo ao lado de regiões praticamente sem julgamentos por bruxaria. A maior parte das mortes na Europa ocidental ocorreram nos períodos e também nos locais onde havia intenso conflito entre o Catolicismo e o Protestantismo, com conseqüente desordem social. Ocorriam mais mortes em regiões de fronteira ou locais onde estivesse enfraquecido um poder central, com a ausência da Igreja ou do Estado. Fatores regionais tiveram papel decisivo nos modos e na intensidade dos julgamentos. A maioria das vítimas confirmadas foi julgada e executada por cortes seculares, sendo as cortes seculares locais de longe as mais cruéis. As vítimas de cortes religiosas geralmente recebiam melhor tratamento, tinham mais chances de serem inocentadas e recebiam punições muito leves. Muitos países da Europa quase não participaram da caça às bruxas, e 3/4 do território europeu não viu um julgamento sequer. A Islândia executou apenas quatro "bruxas"; a Rússia, apenas dez. A histeria foi mais forte na Suíça calvinista, Alemanha e França. Numa média, 25% das vítimas foram homens, assim sendo 75% mulheres, mas a proporção entre homens e mulheres condenados podia variar consideravelmente de um local para o outro. Mulheres estiveram mais presentes que os homens também enquanto denunciantes e não apenas como vítimas. Benedict Capzov, luterano fanático, foi responsável pela morte de aproximadamente 20.000 bruxas, apoiando-se na “lei” do Antigo Testamento. Carpzov, para condenar a morte, usava (Lv 19,31; 20,6.27; Dt 12,1-5) e citava de preferência o Êxodo (22,18); “Não deixarás viver a feiticeira”. Até onde se sabe, algumas vítimas adoravam entidades pagãs e, por isso, poderiam ser vistas como indiretamente ligadas aos "neopagãos" atuais, mas oficialmente consta nos autos que esses casos eram uma minoria. Também é verdade que algumas das vítimas eram parteiras ou curandeiras, mas eram uma minoria. A maioria se dizia cristã ou judia, uma vez que a população pagã era bem rara na Europa da Idade Média. Cronologia Os períodos de fome e peste do século XIV disseminaram a idéia de que pessoas conspiravam contra os reinos cristãos. No passado os historiadores consideraram a caça às bruxas européia como um ataque de histeria supersticiosa que teria sido supostamente forjada e espelhada pela Igreja Católica. Seguindo essa lógica, era "natural" supor que a perseguição teria sido pior quando o poder da igreja era maior, ou seja: antes de a Reforma Protestante dividir a cristandade ocidental em segmentos conflitantes. Nessa visão, embora houvessem ocorrido também julgamentos no começo do período moderno, eles teriam sido poucos se comparados aos supostos horrores medievais. As pesquisas recentes derrubaram essa teoria de forma bastante clara e, ironicamente, descobriu-se que o apogeu da histeria contra as bruxas ocorreu entre 1550 e 1650, juntamente com o nascimento da Reforma Protestante e da celebrada "Idade da Razão". Virtualmente todas as sociedades anteriores ao período moderno acreditavam em magia e formularam leis proibindo que crimes fossem cometidos através de meios mágicos. O período medieval não foi exceção, mas inicialmente não havia ninguém caçando bruxas de forma ativa e esse contexto relativamente benigno permaneceu sem grandes alterações por séculos. As posturas tradicionais começaram a mudar perto do fim da Idade Média. No início do século XIV, na parte central da Europa, começaram a surgir rumores e pânico acerca de conspirações malignas que estariam tentando destruir os reinos cristãos através de magia e envenenamento; falava-se de conspirações por parte dos muçulmanos e de associações entre judeus e leprosos ou judeus e bruxas. Os judeus que por toda Idade Média tiveram liberdade de religião começaram a ser vistos com desconfiança pela população. Depois da enorme devastação decorrente da peste negra (que vitimou 1/3 da população européia em meados do século XIV) esses rumores aumentaram e passaram a focar mais em bruxas e "propagadores de praga". Depois da Peste também se espalhou aquela idéia de que o banho frenquente desprotegia a pele e trazia doenças para o corpo através da água, que era supostamente contaminada por conspiradores. Casos de processo por bruxaria foram aumentando lentamente, mas de forma constante, até que os primeiros julgamentos em massa apareceram na segunda metade do século XV. Ao surgirem as primeiras ondas da Reforma Protestante o número de julgamentos chega a diminuir por alguns anos. Entretanto, em 1550 com o fortalecimento dos estados protestantes a perseguição cresce novamente, atingindo níveis alarmantes especialmente em terras alemãs e suíças. Esse é o período mais histérico e sanguinário da perseguição, que vai de 1550 a 1650. Depois desse período os julgamentos diminuem fortemente e desapareceram completamente em torno de 1700. Caça às bruxas na Europa ocidental Queima de uma bruxa na fogueira na localidade de Willisau, Suíça (em 1447). A caça às bruxas foi uma perseguição social e religiosa que começou no final da Idade Média e atinge seu apogeu na Idade Moderna. O mais famoso manual de Caça às Bruxas é o Malleus Maleficarum (Martelo das Feiticeiras), de 1484. No passado os historiadores consideraram a Caça às Bruxas européia como um ataque de histeria supersticiosa que teria sido forjada e espelhada pelo Cristianismo. Seguindo essa lógica, era "natural" supor que a perseguição teria sido pior quando o poder da igreja era maior, ou seja: antes da Reforma Protestante dividir a cristandade ocidental em segmentos conflitantes. Nessa visão, embora houvesse ocorrido também julgamentos no começo do período moderno, eles teriam sido poucos se comparados aos supostos horrores medievais. Pesquisas recentes derrubaram essa teoria de forma bastante clara e, ironicamente, descobriu-se que o momento mais forte da histeria contra as bruxas ocorreu entre 1550 e 1650, juntamente com o nascimento da celebrada "Idade da Razão". Na Idade Média  Ulricus Molitoris. Virtualmente todas as sociedades anteriores ao período moderno reconheciam o poder das bruxas e, em função disso, formularam leis proibindo que crimes fossem cometidos através de meios mágicos. O período medieval não foi exceção, e podemos encontrar as caças às bruxas desde o auge da civilização babilônica. Esta suspeita costumava recair sobre as mulheres estrangeiras e suas estranhas práticas. As posturas tradicionais começaram a mudar perto do fim da Idade Média. Pouco depois de 1300, na Europa Central, começaram a surgir rumores e pânico acerca de conspirações malignas que estariam tentando destruir os reinos cristãos através de magia e envenenamento. Falava-se de conspirações por parte dos muçulmanos e de associações entre judeus e leprosos ou judeus e bruxas. Depois da enorme devastação decorrente da peste negra (que vitimou 1/3 da população européia entre 1347 e 1350) esses rumores aumentaram e passaram a focar mais em supostas bruxas e "propagadores de praga". Casos de processo por bruxaria foram aumentando lentamente, mas de forma constante, até que os primeiros julgamentos em massa apareceram no Século XV. [editar]Na Idade Moderna Em 1484 foi lançado o livro Malleus Maleficarum, pelos inquisidores Heinrich Kraemer e James Sprenger, livro este que inicialmente foi prontamente recusado pelo bispo que o encomendou, tendo seus dois autores sido posteriormente excomungados por continuarem o publicando. Com 28 edições esse volumoso manual define as práticas consideradas demoníacas. Ele se torna uma espécie de bíblia da caça às bruxas e vai ter grande influência do outro lado do Atlântico séculos depois sobre as comunidades puritanas nos Estados Unidos tendo sido utilizado no famoso caso das bruxas de Salen. Ao surgirem as primeiras ondas da Reforma Protestante o número de julgamentos chega a diminuir por alguns anos. Entretanto, em 1550 a perseguição cresce novamente, dessa vez atingindo níveis alarmantes. Esse é o período mais sanguinário da história, que atingiu tanto terras católicas como protestantes e durou de 1550 a 1650. Depois desse período os julgamentos diminuem fortemente e desapareceram completamente em torno de 1700. [editar]Novas visões históricas A partir de 1970 uma mudança considerável ocorreu no estudo da caça às bruxas européia, com a tentativa de "filtrar" e fato político da perseguição a seitas religiosas, o que M. H. Simonsen acredita ser impossível. Os historiadores passaram a se deter aos registros históricos dos julgamentos, deixando de lado fontes não oficiais sobre o tema. Essa metodologia trouxe mudanças significativas na visão acadêmica sobre o tema, sugerindo-se agora, por exemplo, que o número de vítimas fatais não seria superior a 100 mil pessoas, enquanto antes, considerando-se os relatos não oficiais, as estimativas escalariam a casa de nove milhões. É, todavia, postulado pela própria academia que na época da Inquisição Espanhola a Igreja perdeu o controle sobre o que veio a se tornar uma verdadeira histeria coletiva, com julgamentos e execuções realizadas à sua revelia por comunidades locais. Em função desta revisão histórica, passaram a ser postuladas as seguintes ideias chave: A "Caça às Bruxas" na Europa começou no fim da Idade Média e foi uma questão de seitas e conotação de processo religioso - político e social da Idade Moderna. A situação assumiu tamanha dimensão, também devido às populações sofrerem frequentemente de maus anos agrícolas e de epidemias, resultando elevada taxa de mortalidade, e dominadas pela superstição e pelo medo. A maior parte das vítimas foram julgadas e executadas entre 1550 e 1650. A quantidade de julgamentos e a proporção entre homens e mulheres condenados poderá variar consideravelmente de um local para o outro. Por outro lado, 3/4 do continente europeu não presenciou nem um julgamento sequer. A maioria das vítimas foram julgadas e executadas por tribunais seculares, sendo os tribunais locais, foram de longe os mais intolerantes e cruéis. Por outro lado, as pessoas julgadas em tribunais religiosos recebiam um melhor tratamento, tinham mais chances de poderem ser inocentadas ou de receber punições mais brandas, o que se denominava na época de Comissões da Verdade as inquisições, com base nos Cânones. O número total de vítimas ficou provavelmente por volta dos 50 mil, e destes, cerca de 25% foram homens. Mulheres estiveram mais presentes que os homens, e também enquanto denunciantes, e não apenas como vítimas. A maioria das vítimas eram parteiras ou curandeiros; mas a maioria não era bruxa. A grande maioria das vítimas eram da religião cristã, até porque a população pagã na Europa na época da caça às bruxas, era muito reduzida. Estudos recentes vêm apontar que muitas das vítimas da "Caça as Bruxas", bem como de muitos "casos de endemoniados", teriam sido vítimas de uma intoxicação. O agente causador era um fungo denominado Claviceps purpurea, um contaminante comum do centeio e outros cereais. Este fungo biossintetiza uma classe de metabólitos secundários conhecidos como alcalóides da cravagem e, dependendo de suas estruturas químicas, afectavam profundamente o sistema nervoso central. Os camponeses que comeram pão de centeio (o pão das classes mais pobres) contaminado com o fungo, eram envenenados e desenvolveram a doença, actualmente denominada de ergotismo. Em alguns casos, também verificou-se alegações falsas de prática de "bruxaria" e de estar "possuído pelo demônio", com o fim de se apropriar ilicitamente de bens alheios ou como uma forma de vingança.Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre

O que foi a Inquisição?

Também chamada de Santo Ofício, essa instituição era formada pelos tribunais da Igreja Católica que perseguiam, julgavam e puniam pessoas acusadas de se desviar de suas normas de conduta. Ela teve duas versões: a medieval, nos séculos XIII e XIV, e a feroz Inquisição moderna, concentrada em Portugal e Espanha, que durou do século XV ao XIX. Tudo começou em 1231, quando o papa Gregório IX - preocupado com o crescimento de seitas religiosas - criou um órgão especial para investigar os suspeitos de heresia. "Qualquer um que professasse práticas diferentes daquelas reconhecidas como cristãs era considerado herege", afirma o historiador Rogério Luiz de Souza, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atuando na Itália, na França, na Alemanha e em Portugal, a Inquisição medieval tinha penas mais brandas - a mais comum era a excomunhão -, embora a tortura já fosse autorizada pelo papa para arrancar confissões desde 1252. Já sua segunda encarnação surgiu com toda força na Espanha de 1478. Dessa vez, o alvo principal eram os judeus e os cristãos-novos, como eram chamados os recém-convertidos ao Catolicismo, acusados de continuarem praticando o Judaísmo secretamente. "A justificativa desse retorno da Inquisição era a necessidade de fiscalizar a fidelidade desses conversos", diz outro historiador, Nachman Falbel, da Universidade de São Paulo (USP). A verdade é que esses grupos já formavam uma poderosa burguesia urbana que atrapalhava os interesses da nobreza e do alto clero. O apoio dos reis logo aumentou o poder do Santo Ofício, que, para piorar, passou a considerar como heresia qualquer ofensa "à fé e aos costumes". Por exemplo, quem usasse toalhas limpas no começo do sábado ou não comesse carne de porco era acusado de Judaísmo. A lista de perseguidos também foi ampliada para incluir protestantes e iluministas, homossexuais e bígamos.  As punições tornaram-se bem mais pesadas com a instituição da morte na fogueira, da prisão perpétua e do confisco de bens - que transformou a Inquisição numa atividade altamente rentável para os cofres da Igreja. A crueldade dos inquisidores era tamanha que o próprio papa chegou a pedir aos espanhóis que contivessem o banho de sangue. A migração de judeus expulsos da Espanha para Portugal, em 1492, fez com que a perseguição se repetisse com a criação do Santo Ofício lusitano, em 1536. O Brasil nunca chegou a ter um tribunal desses, mas emissários da Inquisição aportaram por aqui entre 1591 e 1767. Calcula-se que 400 brasileiros foram condenados e 21 queimados em Lisboa, para onde eram mandados os casos mais graves. Os inquisidores portugueses fizeram 40 mil vítimas, das quais 2 mil foram mortas na fogueira. Na Espanha, até a extinção do Santo Ofício, em 1834, estima-se que quase 300 mil pessoas tenham sido condenadas e 30 mil executadas.mundoestranho.abril.com.br