Em todas as sociedades Celtas, os druidas desempenharam um papel
primordial. Aconselhando Reis, ensinando as ciências, dominando a
medicina e a astronomia. É também o sacerdote, o Juiz e a memória do
povo. É representado de túnica branca, de foice de ouro na mão, cortando
o visco, mas não deixou nenhum texto escrito para testemunhar a sua
sabedoria e os seus conhecimentos.
Sabe-se pelos relatos dos Celtas insulares que este
Outro Mundo, espécie de universo paralelo, "o Sid", podia
simbolicamente situar-se numa ilha do oceano, no extremo ocidental; ali,
onde desaparece o Sol ao anoitecer, estava a Ilha; ou ainda ser
imaginada no norte do mundo como a ilha de Avalon.
Todos os anos, em 1º de Novembro, a festa de Samhain, que marcava o
início do ano celta, o tempo e o espaço deixavam de existir e os dois
Mundos comunicavam-se. As elevações neolíticas, as áreas cobertas, os
túmulos, os dólmens, com corredores, serviam de ponto de contacto
privilegiados com o mundo dos desaparecidos: prova de que os Celtas e os
Druidas não tinham a menor dúvida sobre a antiguidade e a função
funerária destes monumentos.
"Muito sábios", mas também "Homens do Bosque",
“Homens da Árvore", "Homens do Carvalho", sem dúvida foram os Druidas.
Todos os testemunhos concordam neste aspecto: poetas, geógrafos,
historiadores associaram os Druidas às florestas.
Por este motivo a conquista da Gália se duplicou numa guerra contra as
árvores; e César "foi o primeiro a ousar pegar num machado, brandi-lo e
rachar com ferro um Carvalho perdido nas nuvens", refere Lucano.
A desarborização intensiva da Gália pelos romanos
contribuiu tão eficazmente para o desaparecimento dos Druidas e Celtas.
Quando S. Patrício, em meados do século V, veio especialmente a
Glastonbury com o intuito de cristianizar definitivamente o lugar Celta
sagrado, começou por mandar abater com machado e alvião todas as árvores
que cobriam a célebre colina do Tor.
Lutar contra as árvores era ainda nesta época uma
forma de combater o Druidismo e a Cultura Celta.
Nas clareiras, no coração das profundas florestas, protegidas pela
penumbra das criptas vegetais, os Druidas transmitiam pacientemente aos
seus discípulos a sua sabedoria imemorial: estes afirmavam conhecer a
grandeza e a forma da Terra e do mundo, os movimentos do Céu e dos
astros, bem como a vontade dos Deuses. E durante muito tempo, seja numa
gruta, seja nos pequenos vales arborizados afastados, ensinavam ao seu
povo uma doutrina secreta.
A Lua e o planeta Saturno têm um parentesco
curioso: no dia, a Lua decorre sobre a elíptica a mesma distância que
Saturno no ano. Sem nos perdermos em pormenores, digamos que 30 dias da
Lua equivalem a 30 anos de Saturno.
De acordo com um texto de Plutarco, "de facie in orbe lunae", foi
possível deduzir que o século de 30 anos dos Druidas começava quando o
planeta Saturno, Nyctouros, entrava no ciclo do touro, ou seja, quando
todos os 30 anos, nesta época, Saturno e a Lua no seu sexto dia se viam
em conjunção com a pequena constelação das Plêiades, a noite da festa de
Samhain.
Mas se os séculos de 30 anos eram calculados em
função do ciclo de Saturno e da revolução sideral da Lua, o calendário
de todos os dias, como o encontrado em Coligny, em contrapartida,
baseava-se na revolução sinódica, quer dizer, nos intervalos de tempo
que separa duas fases idênticas do astro, ou seja, 29 dias 12h0 e
44minutos.
Um período de 5 anos chamava-se LUSTRE. Um ciclo druídico completo tinha
6 LUSTRES ou 30 anos. Uma era druídica tinha 630 anos ou 126 lustres.
A
diferença entre revolução sideral e a revolução sinódica deve-se ao
movimento da Terra. Existem 50 meses de revolução sinódica da Lua em
quatro anos, e 150 em 12 anos. O número 50 e 150 (ou três vezes 50)
surgem constantemente nas narrativas da cultura Celta, em particular na
Tradição Irlandesa.
Com os romances da Távola Redonda, é a corte do Rei Artur que recorda
este sistema; com efeito, segundo os poetas, os cavaleiros reúnem-se aí
quer em número 12 quer de 50 ou ainda de 150. Assim, a corte do mundo
sensível do Rei Artur opõe-se ao reino espiritual do Graal.
Plutarco, no texto já citado, conta que os
habitantes das ilhas dispersas em redor da Grã-Bretanha, afirmam que
Saturno é mantido prisioneiro pelo seu filho Júpiter na ilha nórdica de
Ogígia. O planeta Júpiter percorre a elíptica em 12 anos, ou seja, 150
meses de revolução sinódica da Lua. A história Celta referida por
Plutarco desvenda talvez apenas uma oposição entre dois modos de contar
tempo.
Os Druidas não ensinaram uma religião, mas uma metafísica da Natureza. A
sua Confraria reuniu a aristocracia do saber e da filosofia. Guias
espirituais eram também cientistas, físicos, astrônomos...
Um dos factos mais interessantes na cultura celta
era a afinidade com a natureza, os celtas realizavam a contagem dos dias
através do nascer e do pôr do sol. Levando-os a contarem as noites e
não os dias, criando assim uma ligação perfeita entre o céu e a terra,
entre o sol e a lua.
Assim o dia começa quando o sol se põe; ao contrário do que
“vivenciamos” actualmente. O dia se inicia com a Lua, com a Deusa
mostrando que é hora de trabalhar o mistério, o oculto, o morrer.
Ao amanhecer, o Deus vem fecundar e nutrir a Deusa,
para que mais um dia possa ser gerado. Aceitar, entender esta prática
sem fazer qualquer ligação com feitiçarias, para alguns é muito difícil,
mas, para os Sacerdotes dos Celtas – Os Druidas – e para a cultura
celta em geral, estes ensinamentos são de imensa profundidade.
Os druidas deram a cada um dos meses do ano o nome de uma das suas
árvores sagradas; assim como fizeram com o alfabeto ogham. Cada letra
deste alfabeto era representada por uma árvore, que, por sua vez,
representava um período do ano. A este período demos o nome de mês; isto
para fazermos um paralelo entre as duas culturas.
O Horóscopo Celta Lunar não foi desenvolvido
baseado nos movimentos da lua (como alguns devem estar imaginando), mas
sim nos períodos do ano em que suas árvores sagradas tinham uma maior
predominância de suas características e propriedades.deltacat5.no.sapo.pt/halloween5.html
"A natureza era a companhia do homem primitivo.
Ela fornecia abrigo e alimento e, em retorno, a humanidade a
reverenciava.
As religiões primitivas louvavam as pedras e montanhas, os campos e
florestas, os rios e oceanos.
A Voz da Floresta é uma ponte mítica entre o mundo dos deuses e o dos
homens, entrelaçado com a veneração que os Celtas tinham pelas árvores.
Como uma representação do universo, as raízes das árvores habitam o
solo, o conhecimento profundo da Terra.
E o tronco une as raízes ao céu, trazendo este conhecimento à luz."
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